Agroecologia, nada mais é do que a execução de uma agricultura ecológica, como sempre deveria ter sido. Foi o que discutimos na nossa primeira aula de Fundamentos de Agroecologia, somada a toda História da Agricultura. Notamos que esta agricultura como conhecemos hoje não foi sempre assim. Tudo era muito rudimentar…
Contaremos de modo bem simplificado e breve o progresso da agricultura, os impactos ambientais e a necessidade de mudanças.
A narrativa da história anda de mãos dadas com a questão ambiental. Para tanto, basta analisar os principais aspectos da linha do tempo e suas respectivas especificidades para compreender o processo gradativo e destrutivo que fizeram com que o meio ambiente mergulhasse em um estado de crise. Esta, por sua vez, baseia-se no domínio do homem sobre a natureza, rompendo com o preceito que outrora era inverso. Em razão de um ideal falacioso de progresso, a relação homem e natureza torna-se tão distópica que passa a ser considerada uma dicotomia: o homem passa a ser um incluso excluso; da natureza faz parte, entretanto, considera-se superior, distanciando-se.
As sociedades primitivas eram caracterizadas pelo nomadismo e pela subsistência, ou seja, não estabeleciam uma moradia fixa e faziam o necessário a fim de garantir sua sobrevivência – até então, o modo de vida da época distava-se do que tange ao acúmulo de bens, instrumentos e utensílios. Com o passar do tempo houve a formação de pequenos grupos sociais, adoção de diversas atividades – principalmente voltadas à agricultura e pecuária –, fazendo com que o modo de vida passasse a ser outro: o sedentarismo. Como consequência, os indivíduos passaram a se tornar cada vez mais distintos, principalmente no que tangia a suas funções: religiosas, políticas, agropastoris e servis. Período esse, marcado pelo início do acúmulo de resíduos não orgânicos no meio ambiente, principalmente devido à evolução das práticas artesanais, da metalurgia, do crescimento populacional em áreas restritas, dentre outros quesitos.
Após alguns milênios repletos de conflitos, processos políticos e reviravoltas históricas – principalmente durante a Antiguidade e Idade Média –, foi no fim da Idade Moderna, com a Revolução Industrial, que o contexto envolvendo as mudanças estruturais, ideológicas, sociais, políticas, ambientais e econômicas começaram a afunilar seguindo apenas um viés: a individualização do ser humano em detrimento do acúmulo de capital. Isso ocorre de forma tão narcisista e sistemática que acaba por ignorar fatos importantes, incitando cada vez mais a destruição da biosfera.
Deste modo, o período histórico no qual estamos inseridos é caracterizado por possuir um conjunto de crises interligadas: sociais, políticas, econômicas e, por fim, ambientais. Esta última, no que lhe concerne, é determinada pelo descontrole da gestão dos recursos naturais utilizados, fazendo com que o meio ambiente passe por circunstâncias extremas. “Quando a extração de recursos ou a geração de dejetos é maior do que a capacidade do ecossistema de reproduzi-los ou reciclá-los, estamos frente à depredação e/ou poluição, as duas manifestações de uma crise ambiental”. (FOLADORI, 1999, p.31).
As consequências dessa crise são abundantes e catastróficas: mudança dos ciclos naturais; extinção de várias espécies de animais e plantas; aumento da temperatura do planeta devido às altas concentrações de dióxido de carbono (CO2) e óxido nitroso (N2O) na atmosfera; escassez de água potável em algumas regiões do globo; deterioração da camada de ozônio; acidificação dos solos e das águas, acúmulo de resíduos não-biodegradáveis no meio ambiente; dentre outros. Todos esses aspectos interferem tanto no caráter biótico da natureza, como também na saúde do próprio ser humano, na qual, muitas das doenças existentes são acometidas devido à contaminação da água, ar e solo, gerando diversos tipos de câncer; bronquite; diarreia infecciosa; leptospirose; meningoencefalite e febre tifoide. Tudo isso só evidencia o único caminho traçado pela humanidade: a destruição absoluta!
Então, o que é evolução para você? Já parou para pensar sobre isso? De acordo com a etimologia, a palavra evolução significa desenvolvimento. O Dicionário de Filosofia produzido por Durozoi e Roussel, por sua vez, define a evolução como um conjunto de mudanças graduais, contínuas e progressivas de transformação de um ser ou de um sistema em prol de algo positivo. Tendo em vista a problemática e os fatos aqui citados, será que de fato estamos evoluindo? Será que ainda há esperança para a humanidade e a forma de produzir? Decerto, essas e outras questões serão discutidas nesse site que tem como cerne abordar temáticas interdisciplinares atribuídas à preservação ambiental e a agroecologia. Fique atento às próximas postagens no site e também nas redes sociais (@feiraagroecologicaufba).
Mariana Dourado, Wellington Carneiro Guimarães e Yanna Maria
Referências:
DUROZOI, G. e ROUSSEL, A. Dicionário de Filosofia. Tradução de Marina Appenzeller. Campinas, SP: Papirus, 1993.
FOLADORI, Guillermo. O capitalismo e a crise ambiental. Raízes: Revista de Ciências Sociais e Econômicas, n. 19, p. 31-36, 1999.
KRÜGER, Eduardo L. Uma abordagem sistêmica da atual crise ambiental. Desenvolvimento e Meio ambiente, v. 4, 2001.
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