Quando se pensa na zona rural e nas técnicas agroecológicas aplicadas no campo, logo se associa a uma população composta por pessoas mais idosas, isso é o resultado da pouca movimentação do jovem no meio agrário. Isso ocorre porque a juventude dessa localidade acaba fazendo o uso do êxodo rural - que é a saída do campo para a cidade - como apontam os dados divulgados pelo IBGE no ano de 2018, a qual apenas 9,48% da população do meio rural era composta por jovens. Desse modo, percebe-se que os moradores do campo têm envelhecido a cada ano, e isso se dá por não estar havendo uma reposição e uma fixação dos jovens no meio rural.
Sabemos que a juventude do campo exerce um papel importante na nossa sociedade, a economia e o desenvolvimento agroecológico do país dependem da sua força de trabalho, pois são os jovens que irão continuar repassando e utilizando saberes que foram adquiridos por gerações, assim como irão trazer novos conhecimentos, técnicas e aprimoramento dessa agricultura sustentável, que não agride o meio ambiente e contribui na alimentação saudável para a população.
Vale pontuar os principais motivos que levam o jovem a deixar a sua vida no campo que é justamente a busca pela melhoria na qualidade de vida. A juventude do meio agrário tem buscado dia após dia os seus direitos básicos, que não se obtém com alto índice de qualidade na região rural. Por conta disso, eles se veem obrigados a fazer o uso do êxodo rural, deixando o seu lar e sua cultura para irem em busca de maiores oportunidades de emprego, acesso aos serviços de saúde, acesso à educação - tanto básica, quanto superior - de qualidade e melhor condição econômica. Por isso, a visão mecânica de uma “atração” dos jovens do campo pela cidade, em que a principal explicação seria o desinteresse dos jovens pelo modo de vida no campo e, em especial, pelo trabalho agrícola, vem sendo revista pois, um dos principais motivos do abandono do campo é justamente a busca por seus direitos.
Através dos fatos citados anteriormente, fica evidente que faltam políticas públicas voltadas para essa parcela da população, visto que essas políticas dependem de ações estatais concretas. Desse modo, o fortalecimento do diálogo e inserção das demandas na agenda governamental devem atender às necessidades mais imediatas da juventude e que promovam mudanças significativas no campo e na floresta, com a construção de um projeto de desenvolvimento para o país que garanta o acesso à terra, à educação do campo, à geração de renda e ao desenvolvimento sustentável a partir da agroecologia, com reconhecimento da juventude rural como sujeito de direito. Além do mais, para construir políticas que favoreçam a permanência dos jovens no campo é importante considerar o acesso à educação, terra e renda e outros temas voltados à qualidade de vida no campo, pois os jovens de hoje serão o reflexo do futuro do amanhã e deve ser obtidos os seus direitos básicos na zona rural, para que não venham deixar o campo para morar nas grandes cidades.
Referencias:
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