A agricultura convencional é caracterizada por um forte apelo ao lucro, produção em larga escala e uso exacerbado dos recursos naturais. Atualmente, cerca de 33,8 bilhões de toneladas de alimentos são produzidas anualmente em todo o mundo. Dessas, o Brasil é responsável por produzir uma quantidade de alimentos suficiente para alimentar 1,6 bilhão de pessoas por ano. Entretanto, o fato de toda essa produção ser baseada na exploração exagerada de recursos naturais e desrespeito aos limites da natureza gera graves consequências. Apenas em 2021, o agronegócio brasileiro foi responsável por 97% das queimadas registradas no país. O uso de recursos para a produção dos alimentos mais consumidos no Brasil também é alarmante. Apenas para produzir 1 KG de arroz, são gastos mais de 2 mil litros de água. Com tamanho consumo de recursos, o desperdício também pode ser considerado grande vilão na busca pelo respeito aos recursos naturais, pois quanto maior seu índice, maior o consumo, atrelado à necessidade de reposição dos alimentos perdidos. Anualmente, 33% de tudo que se produz é desperdiçado e torna-se inutilizável, dado que reafirma a necessidade de reflexão acerca da problemática do desperdício.
Nesse contexto, as orientações agroecológicas surgem como principal estratégia para combate à situação de desequilíbrio socioambiental provocada pelos padrões insustentáveis de desrespeito à natureza e à vida humana associados à agricultura convencional.
Almejando o equilíbrio dos agroecossistemas utilizados para a produção de alimentos, a agroecologia promove uma visão diferenciada sobre a natureza em relação à agricultura convencional, destacando práticas que aumentam os níveis de nutrição, fertilidade e produção solo, além da qualidade vegetal. Como exemplo de tais práticas, a adubação verde, compostagem, agroflorestas e os sistemas agropastoris são destaque entre as alternativas para promoção de uma agricultura mais sustentável e consciente, melhorando a qualidade de vida dos consumidores, agricultores e promovendo a sustentabilidade e respeito aos recursos naturais.
Por conseguinte, é preciso ressaltar a importância da participação social na implementação de um modelo agroecológico de produção e consumo, o que pode ser feito através da participação na esfera política, da fiscalização de representantes eleitos, redução do desperdício e reconhecimento dos alimentos e da natureza, de onde esses provêm, como fundamentais para a manutenção da vida humana no planeta. Reconhecendo, através da conscientização, a importância dos recursos naturais e o fato de que respeitá-los é uma obrigação de todos e uma ação que deve ser construída hodiernamente. Dessa forma, viabilizando o equilíbrio necessário para a manutenção dos ecossistemas.
Por: Illana Oliveira e Luna Gondim
REFERÊNCIAS
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