O que será que sua alimentação tem a dizer sobre você e a sua saúde?
Joyce Mendes Paim
Isabela Ribeiro Passos Vieira
Felipe Fontes Costa Pinto
João Felipe Oliveira Santos Prazeres
Um dos aspectos que mais interferem na nossa vida é a nossa alimentação. Isso porque o ato de se alimentar faz parte da nossa cultura, estando presente frequentemente em nosso dia-a-dia - seja ao acordar, no almoço, nos lanches, ao jantar, em festas, em reuniões familiares e entre amigos. A máxima “Você é o que você come”, desenvolvida pela nutricionista Gillian McKeith em seu livro de mesmo nome traz à tona uma das maiores verdades do século: o que comemos tem a capacidade de nos nutrir ou de nos adoecer.
De modo geral, cada povo tem uma forma diferente de se relacionar com os alimentos. Enquanto no Oriente a população asiática costuma ingerir alimentos crus (como peixes, algas, vegetais e legumes) e o arroz como principal carboidrato, no Ocidente os norte-americanos são reconhecidos mundialmente pelo consumo de “fast-foods” (comidas rápidas) que vão desde hambúrgueres, enlatados e frituras até bebidas gaseificadas e outros alimentos com alta concentração de aditivos químicos. Essas diferenças alimentares sempre disseram muito sobre o estilo de vida de cada nação, influenciando diretamente os seus indicadores de saúde.
Considerando o nosso país, observamos o quanto historicamente a nossa relação com os alimentos foi se transformando. De indivíduos que se alimentavam à base de raízes, plantas, frutas e animais, que praticavam atividades físicas como a caça e coleta e que bebiam água de fontes naturais, passamos a nos alimentar de produtos ultraprocessados, conservados, artificiais e de acesso rápido. Como consequência, tornamo-nos cada vez mais mal nutridos e sedentários, o que causou a elevação dos índices de Doenças Crônicas Não Transmissíveis, em especial a obesidade, a hipertensão e o diabetes.
Mas como isso ocorre? Cada alimento possui uma finalidade no nosso organismo: produzir energia e nutrir o corpo de forma que este possa cumprir as suas funções vitais. No entanto, o percentual de energia e nutrição torna-se relativo ao tipo de alimento consumido. De acordo com os princípios da Alimentação Biodinâmica, os alimentos podem ser classificados a partir do grau de vitalidade que apresentam, na sua constituição e composição. Sendo assim, existem quatro tipos de alimentos:
Bioativos: Aqueles que “ativam” a vida. Integram a base ideal da nossa alimentação, e fazem parte do sustento de muitas civilizações, inclusive ao longo da história. Geralmente são consumidos crus, maduros, em forma de molho ou cozidos (exemplos: hortaliças, leguminosas, oleaginosas, frutas, bagos, grãos e cereais).
Biogênicos: Aqueles que “geram vida”, dando vitalidade às células e proporcionando sua regeneração. Ajudam na desintoxicação do corpo e são de fácil digestão. São ricos em aminoácidos, enzimas, vitaminas e outros nutrientes (exemplos: germes e brotos de grãos, cereais, leguminosas, ervas, oleaginosas e hortaliças).
Bioestáticos: Aqueles que diminuem/mantêm a vida. Possuem esse nome por terem sua força vital reduzida ao longo do tempo (alimentos in natura armazenados), seja pelo processo de resfriamento ou aquecimento. Exigem grande esforço para serem digeridos e sobrecarregam o nosso corpo no seu processo de digestão, metabolização e absorção. Estão ligados aos nossos hábitos sociais e garantem o funcionamento mínimo do organismo provocando envelhecimento das células. Não fornecem regeneração e ajudam a aumentar o peso (exemplos: peixes, frutos do mar, ovos, aves, carne animal branca, carne animal vermelha, leite de origem animal e queijos).
Biocidas: Aqueles que “matam” a vida, resultantes de processos artificiais que aceleram o envelhecimento celular, reduzem a produtividade e provocam a carência de nutrientes. Pessoas que consomem esses alimentos em excesso possuem uma maior suscetibilidade ao diabetes, hipertensão e outras Doenças Crônicas Não Transmissíveis (exemplos: açúcar, sal, refinados, refrigerantes, gorduras hidrogenadas, embutidos, produtos altamente processados e com agrotóxicos).
Após ler sobre essa classificação, não é difícil identificar quais os tipos de alimentos mais presentes em nossa rotina. A partir disso, é necessário realizar uma auto-análise a respeito dos alimentos que estamos consumindo. Afinal, se somos o que comemos, precisamos nos alimentar de forma coerente, a fim de que sejamos, então, saudáveis.
E como fazemos isso? Uma das estratégias para driblar uma dieta rica em alimentos bioestáticos e biocidas, que tem uma baixíssima qualidade nutricional, e aumentar a frequência de consumo de alimentos biogênicos e bioativos é a adesão à Alimentação Viva. Nessa forma de (re)pensar o ato de comer, há uma preferência pelo consumo das frutas, legumes, vegetais, raízes, grãos e sementes germinadas, sem passar por processos de industrialização ou cozimento. Dá-se preferência para alimentos germinados, crus e, no máximo, aquecidos em baixa temperatura. É possível incluir no rol de produtos relevantes para essa forma de se alimentar os produtos fermentados e o suco verde.
Fonte: Canva
Reconhecendo estar diante de uma alimentação insatisfatória, devemos ir substituindo, na medida do possível e da necessidade, os alimentos biocidas e bioestáticos por alimentos que representem maiores benefícios para nossa saúde, tendo como base as informações acima. Diferentemente de dietas e outros métodos convencionais, inserir a alimentação viva no nosso cotidiano não exige que sejamos radicais. A alimentação faz parte do nosso dia-a-dia, faz parte de quem somos. Mudanças drásticas não geram resultados a longo prazo, só nos privam temporariamente daquilo que desejamos de uma forma extrema, o que posteriormente, na maioria das vezes, nos faz voltar ao mesmo comportamento inicial que queríamos modificar. Dessa forma, se você, caro leitor, quer mudar seus hábitos alimentares, insira gradativamente alimentos mais saudáveis nas suas refeições, de modo a não se sentir prejudicado com a mudança. O importante é começar a cuidar da sua alimentação, e assim cuidar de quem você é, da sua saúde.
REFERÊNCIAS:
BOQUADI, Ana Paula dos Santos. Alimentação Viva e Permacultura como caminhos para a Ecopegagogia. 75 f., il. Monografia (Licenciatura em Pedagogia) - Universidade de Brasília, Brasília, 2012. Disponível em: <https://bdm.unb.br/handle/10483/4933>. Acesso em: 02 abr. 2021.
LEONARDO, Maria. Antropologia da alimentação. Revista Antropos, Itaúna, v. 3, p. 1-6, 2009. Disponível em: https://revista.antropos.com.br/downloads/dez2009/Artigo%201%20-%20Anntropologia%20da%20Alimenta%E7%E3o%20-%20Maria%20Leonardo.pdf. Acesso em: 02 abr. 21.
SOARES, Jussara Calmon Reis de Souza. Um olhar sobre a prática da alimentação viva. Cadernos de Naturologia e Terapias Complementares, Niterói, v.1, n.1, p. 107-115, 2012. Disponível em: http://www.portaldeperiodicos.unisul.br/index.php/CNTC/article/view/1146. Acesso em: 02 abr. 21.
Gostei demais do conteúdo! Como diz mainha: O peixe morre é pela boca! o contrário tbm se aplica! Parabens aos autores pelo txto!😍
Muitas pessoas não fazem está leitura da alimentação, princípio fundamental para nossa saúde. Parabéns.